Durante muito tempo o Acre esteve relegado a um lugar pouco aprazível a turistas. Ninguém, em sã consciência, queria conhecer um Estado onde imperava o esquadrão da morte e o narcotráfico. A realidade era tão complicada que o próprio Dicionário Aurélio define vir para o Acre como, morrer.
Hoje a situação começa a mudar. O Estado, como opção turística, tem sido trabalhado ao longo dos últimos anos de forma intensa.
“Estamos começando a colher fruto de todo um trabalho de formiguinha feito ao longo dos últimos anos para apresentar o Acre como opção turista para brasileiros e estrangeiros que querem viver experiências verdadeiras com a floresta Amazônica”, explica o secretário de Esporte, Turismo e Lazer, Cassiano Marques.
O secretário defende a idéia que o Estado deve proporcionar aos turistas que o visita uma opção diferenciada, ou seja, nada de turismo de massa, mas a possibilidade de interação com a floresta e seu povo.
“O Acre tem vocação para turismo de aventura, ecoturismo e turismo cultural”, defende.
Para chegar a essa conclusão, e definir as estratégias para o turismo acreano, o Estado realizou pesquisas de mercado, cujos resultados mostraram que para atrair turistas era necessário trabalhar o Estado como um todo, não por regiões.
“A pesquisa mostrou que devemos trabalhar a marca Acre, porque é uma marca forte, conhecida e ligada à preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. O mercado vê o Acre como terra de Chico Mendes, floresta Amazônica e seringais. Isso resume o Acre para o mercado turístico. Bem como as cores verde, amarelo e vermelho. Por isso decidimos trabalhar essa marca e investir no nicho de ecoturismo, turismo de aventura e cultural”, revela Cassiano.
Ao que tudo indica o Acre tem pego a estrada certa. O turismo no Estado começa a acontecer. Grandes empresas brasileiras operadoras de turismo veem no Acre um cenário para grandes negócios.
Pesquisas nacionais apontam que em 2006, somente 14% das agências de viagens e operadoras de turismo tinham informações sobre o Acre, percentual que ampliou para 31% em 2009.
Grandes operadoras de turismo do país passaram a vender o Acre no comercio nacional e internacional. Empresas como a operadora de turismo capixaba Tourlines, que opera em Minas Gerais e em outros seis Estados da federação brasileira. Desde o mês passado, Tourlines oferece pacotes turísticos para o Acre.
Segundo Fábio Gontijo, Gerente nacional de vendas da empresa, “A Tourlines estará apresentando o destino Acre para nossas agências espalhadas pelo Brasil, ou seja, estamos vendendo o Acre não apenas em Minas Gerais, mas também nestes Estados”, explica.
Para o empresário Marcos Pavani, proprietário da empresa especializada em turismo de aventura e ecoturismo, Andarilho da Luz , o Acre já está nos seus projetos de negocio em curto prazo.
“Há 12 anos operamos para Machupichu, no Peru, via São Paulo. Estamos agora operando via Acre, onde o turista terá a oportunidade de passar dois dias no Estado e conhecer um pouco da vida do seringueiro e da luta de Chico Mendes”, revela.
Segundo o empresário, rotas mais limpas e paradas mais tranqüilas, como a que o Acre oferece com esse vôo internacional para o Peru, é o que o turista está procurando.
Outra empresa nacional que vem trabalhando pacotes turísticos para Acre é a Nascimento Turismo , uma das maiores existentes no país na venda de pacotes turísticos. A empresa trabalha principalmente com venda para o mercado internacional.
Potencial é reconhecido por Conventions & Visitors Bureaux
Com 16 etnias indígenas e quase 90% de sua cobertura vegetal ainda intacta, o Acre tem tudo para despontar como referência em turismo vivencial na Amazônia. Pelo menos é o que acredita o coordenador da Confederação Brasileira de Conventions & Visitors Bureaux, Aristides Cury.
Segundo ele, o Acre oferece um grande potencial turístico dentro da Amazônia, pois tem uma proposta diferenciada e tem procurado fazer acontecer.
“O que estamos vendo aqui não começou agora, mas é um caminho que teve início lá atrás, foi lá que foram dados os primeiros passos. Trabalhar pelo turismo é desafiador, mas é uma excelente forma de desenvolver o Estado. É preciso a participação dos três atores: poder Público, empresariado e comunidade. O turismo se desenvolve quando essas forças estão unidas pelo bem comum”, defende Aristides Cury.
Melhorando a conectividade
Se o Acre se apresenta como opção turística, vários foram os problemas enfrentados nos últimos anos para que isso acontecesse. A falta de estrutura da cidade foi um deles.“Precisamos primeiro estruturar o Estado, trabalhar a cidade para receber o turista. Seria impossível fazer do Acre uma rota turística sem que houvesse qualidade de vida para a população. Sem que os acreanos se orgulhassem de sua história, sua origem e sua cultura”, argumenta Cassiano.
A arrumação da casa foi iniciada e a conectividade com o resto do país, outro sério problema a ser enfrentado no passado, também.
A quantidade de vôo regulares que até bem pouco tempo se resumia a duas empresas aéreas que chegavam com suas aeronaves ao Acre, GOL e Tam, agora são quatro, totalizando onze vôos.
Para o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem – ABAVE, Raimundo Moraes, com os novos vôos regulares surge uma oportunidade maior de negócios, pois na alta temporada há dificuldade de oferta de assentos.
“Na alta temporada nos deparamos com clientes querendo comprar passagens, mas não temos como vender porque não há assento disponível. O vôo da Trip, por exemplo, resolve o problema de conectividade com o sul e o sudeste sem a necessidade de passar por Brasília”, explica.
O que temos a oferecer
O Acre possui quatro rotas turísticas: Caminhos da Revolução, Caminhos de Chico Mendes, Caminhos do Pacífico e Caminhos da Biodiversidade e das Aldeias. Vários são os produtos turísticos existentes dentro destas rotas, mas em todos eles o turismo vivencial é a proposta.
“Nossa proposta não é que o turista venha, visite e vá embora, mas queremos que ele viva experiências, porque quando vivemos esse tipo de turismo não esquecemos, temos a oportunidade de conhecer a fundo a realidade do lugar, sua cultura e sua história”, afirma Cassiano.
Pesquisa revela crescimento do turismo
Os números mostram que a quantidade de turistas visitando o Acre vem aumentando ao longo dos anos.
A movimentação no aeroporto de Rio Branco cresceu de aproximadamente 130 mil passageiros em 2003, para 350 mil em 2009. Um aumento de mais de 170%.
Situação parecida pode ser percebida no aeroporto de Cruzeiro do Sul. Em 2003 passou pelo aeroporto daquele município cerca de 40 mil passageiros. Em 2009, esse número chegou há quase cem mil.
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